Admirável Mundo Novo e a profecia para a Nova Era

Eu poderia, muito bem, tentar escrever uma resenha sobre a mais célebre das obras de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, e enchê-la com as citações mais chocantes da mesma. No entanto, prefiro focar em aspectos mais genéricos e tornar esta matéria em indicação literária. O romance Admirável Mundo Novo (Brave New World, em inglês) foi escrito em 1932 e versa sobre a ditadura global à qual chamamos Nova Ordem Mundial, embora esta último expressão não seja citada textualmente.

Uma civilização-modelo é retratada por Huxley com tons chocantes: aversão ao casamento, sexo livre, aborto institucionalizado, prazer imediato, uso de drogas como método para “manter” a felicidade aparente. A liberdade de expressão e pensamento é considerada um crime contra a Segurança do Estado ideal. A crença em Deus, também, pois a Moral é um fator de instabilidade social. Sem moral, sem liberdade, sem transcendência.

Os personagens principais são Bernard Marx, Lenina, o Selvagem e Mustafá (um dos ditadores mundiais do enredo). Trazem à tona discussões sobre o valor da liberdade, sobre a busca pela felicidade e existência humana. Muito mais do que simples confrontos de utopias políticas (totalitarismo comunista vs. totalitarismo liberal), a chocante sociedade descrita pelo Autor emite um alerta sobre a manipulação da população do planeta para fins de controle absoluto pelas Elites.

Para muitos, Aldous Huxley era um profeta, o “profeta da Nova Era”. Para outros, ele tinha vínculos com as mesmas sociedades secretas às quais ele pareceu aludir por meio de pistas deixadas no texto de sua obra. É, deveras, impressionante como Huxley pôde prever, com tanta propriedade, a institucionalização do aborto, a legalização das drogas, a rejeição do matrimônio e o fim da liberdade de expressão através da ascensão de doutrinas comunistas em nossa sociedade atual.

No entanto, o mesmo Huxley, em sua obra, parece deixar implícito que tudo aquilo que ele descrevia na década de 30, em que o aborto era algo abominado e o casamento era doutrina social, era retirado de autores que o influenciaram. Digamos que ele soubesse de todos aqueles perigos porque faziam parte dos projetos de elites políticas muito antes do séc. XX, quiçá anteriores ao século XIX. Os nomes dos personagens, citados acima, são emblemáticos, remetendo a Marx, Lênin e ao islamismo radical. A noção de velhos e mendigos deveriam ser descartados e assassinados veio de George Bernard Shaw, que defendia mesmo que algumas castas de seres humanos não mereciam estar vivos. H. G. Wells emprestara-lhe tons igualmente macabros, enquanto Henry Ford poderia ter sido um dos exemplos mais terríveis de apoio à padronização dos seres humanos como “peças em série”.

Todas as realidades horrendas retratadas nesta obra estão se concretizando hoje em dia, sem muitas dificuldades. A Águia Bicéfala determina que o Poder Militar e Religioso (Governo e Educação) devem perfazer o mesmo superorganismo num futuro bem próximo. Com a clonagem e produção em série de seres humanos em laboratório, tendo estes seus códigos genéticos “legalmente” modificados “pelo bem do Estado”, poderemos ter certeza de que as “almas” são programas em execução, seguindo um rígido código de instruções. Os “divergentes” serão novamente exilados e seus “códigos” impossibilitados de se manifestarem, em corpos biológicos, neste planeta.

***

PARA LER O LIVRO ONLINE:

• http://www.fapan.edu.br/media/files/35/35_1372.pdf.